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Reflexão: Educação Ambiental na Escola?

Artigo

Em 2019, na Cúpula do Clima, a jovem Greta Thunberg fez um apelo dramático aos governantes do mundo: "Parem de poluir, agora!". Era necessária uma medida enérgica e imediata para conter o aquecimento global.

Até a primeira década do século XXI, anunciava-se a necessidade de "adaptações às mudanças climáticas" e da criação de "cidades resilientes" a essas transformações já evidentes. O fenômeno denominado. "Refugiados do Clima" já era um fato inegável.

Como sabemos, Greta e todos os ambientalistas que a antecederam foram ignorados mais uma vez. Em seguida, poucos meses após o discurso da jovem que mobilizava milhares de estudantes ao redor do planeta, a Terra entrou em colapso pela atuação do vírus COVID-19. Um vírus que concretizou aquelas palavras proféticas na ONU(1). Teria sido o vírus o único organismo vivo a entender e executar as ordens de Greta para pararmos de poluir?

Apesar de toda a dor das perdas, da reclusão forçada, e do negacionismo à ciência, a sociedade seguiu ignorando que não estamos mais em tempos de nos "adaptar às mudanças climáticas". Precisamos, agora, reagir à CRISE CLIMÁTICA que causamos. Inauguramos o Antropoceno, definitivamente!

Mas, e a Educação?

Lamentavelmente, o tema. ambiental é algo desconectado do dia a dia, talvez mais um assunto que se trata na escola e que se esquece logo que termina a cópia do quadro...

Embora a Constituição Brasileira de 1988 tenha estabelecido a Lei no 6.938 para a Política Ambiental e, consequentemente, a educação ambiental para todas as etapas de ensino nas escolas, é decepcionante que a versão de 2018 da BNCC(2) para o ensino médio não a apresente como "área de conhecimento", em nenhum dos itinerários formativos, apesar da relevância do tema.

Na teoria, todos e todas concordam que a educação ambiental deve ser discutida na escola. O "politicamente correto" orienta isso. Mas, e na prática? Salvo atividades e projetos louváveis por iniciativas exclusivas de alguns professores(as), a conscientização ambiental não atinge o todo da escola, não pulsa vibrante no cotidiano dos currículos formal e oculto.

Não raro vemos nas escolas, apesar de apresentarem lixeiras diferenciadas para a coleta dos resíduos, o lixo sendo descartado, indiscriminadamente, por estudantes, educadores e funcionários, tanto nas salas de aula quanto na sala dos professores(as). Pior ainda: nas escolas ainda vemos muitos copos plásticos descartáveis sendo utilizados. Por consequência, a teoria em sala de aula não ultrapassa os muros escolares.

Por que isso ainda acontece apesar do caos climático vivenciado nos últimos anos?

Talvez porque além do "dever saber, e saber fazer" apregoado pela BNCC, é preciso saber pensar em redes. Nossos estudantes e toda a comunidade escolar precisam tomar ciência do "caminho do lixo", por exemplo, para além do "lixão" de uma cidade. Entender as consequências de suas ações, "desalienar-se" do resíduo que gera no ambiente.

É preciso falar das pesquisas científicas acerca da contaminação do nosso DNA por microplásticos e da mortandade de espécies animais causada pelo plástico. Sobretudo, é preciso dar exemplo: erradicar o plástico descartável do interior da escola e criar formas, em conjunto com alunas e alunos, de substituí-lo de modo ambientalmente sustentável.

Até quando os estabelecimentos de ensino vão ignorar a ciência? Quando a escola vai debater os dezessete ODS(3) para 2030? Precisamos que, nas reuniões de planejamento pedagógico, a educação ambiental apareça em todas as aulas, seja percebida em todo momento na escola. 

Com certeza, a educação ambiental está sintonizada com os interes- ses das nossas crianças e jovens que muito querem aprender sobre seu próprio corpo e seu entorno.

Cabe às equipes diretivas colocarem a educação ambiental na "ordem do dia". Cabe a cada professor/a praticar os preceitos
da Política Ambiental.

Erradicar a fome, a miséria e proclamar a justiça social são ações inequívocas que perpassam pela tomada de consciência ambiental. Relembremos o sintético ensinamento do Herói da Pátria e Patrono Nacional do Meio Ambiente, Chico Mendes: "Ecologia sem luta de classes é jardinagem."

Notas
1 - Organização das Nações Unidas
2 - Base Nacional Comum Curricular
3 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

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Autor(a)

Cínthia Bordini

Ambientalista, professora e orientadora educacional


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